MÃE NATUREZA

Mamãe natureza, perdoe-nos
O nosso barulho não tem fronteira
Perturba o sossego e a paz alheia

Mamãe natureza, como explicar
Não basta existir, buscamos provar 
Estar aqui é ter que se fotografar

Mamãe natureza, sinto muito
Os outros filhos são mais discretos
E absurdamente mais diversos

Mesmo assim acreditamos que a Terra 
Em sua órbita diante do infinito Universo
É fruto de nosso modesto progresso

Ops...

J.V.

30/12/19

NAVEGAR EXISTENCIAL

Quem eu sou?

Posso ser qualquer coisa!
Na situação que convier 
Ou o que fulano quiser

Posso ser algo que nada sou
Tudo aquilo que fui e mudou
Como o meteoro que passou

Serei o que quer que seja
Qualquer padrão e besteira 
Não hei de ser com certeza

S ubestimar   x  entir
E stereotipar  x  existir
R otular         x  esistir

Dentro de mim me esqueço
No ímpeto latejo reconheço
O rio calmo do desconhecido 

Navegando em meu mar 
Não encontro nada além
Da terra de sou ninguém.

J.V.

28/12/2014

DOSE DE LIBERDADE

Eu queria era mesmo sem um destino correr
E com a pele do corpo a simplicidade colher
O vento, as estrelas e a Lua no alto a guiar
Para o caminho onde há borboletas no ar

Ahhhh!

Jogar uma torta na cara das pseudopuritanas
Fazer crochê e tomando chá com as putanas
Não andar pelas ruas por aí sem sapatear
Sem parar com as pernas rindo de dançar

Chegar ao serviço assobiando Cambalache
E a poesia ser o assunto popular de praxe
No lugar do tic tac, da pressa e do desespero 
A singular existência silenciar tanto exaspero

Libertar a alma de seu próprio julgamento
Fugir de conversa tola e sair num jumento
Levar livros e pendurá-los de frente à tevê
Quem sabe a manipulação não morra de lê ?

Queria era pensar que posso não saber  
Já que saber é achar que se sabe viver
Mas não importa, o céu é a minha casa
Aqui o sossego me abraça pela sua asa

Ahhhh!

Poderia era estar numa nuvem pilotando 
E vendo aquele povo todo apontando:
 ''Um anjo desnudo vem chegando!''

Como eu queria toda essa insanidade 
Se não fosse apenas a minha criatividade
Humildemente delirando mais liberdade.

J.V.
21/02/15

NÃO SEI FINGIR

Foi difícil, mas hoje eu sei
Na cruel conclusão cheguei:
Não consigo fingir

Fingir um sorriso e abraço
Um carinho e um agrado
A fé e a condescendência

Fingir uma vontade e amizade 
O sucesso e a felicidade 
Certeza de uma maluca beleza

Teria bastante admiração mas,
In- felizmente eu me pertenço
Jogo-me integralmente na existência 

E por fazê-la valer a pena
Entre o amor e o ódio
Me transbordo ou me lasco.

J.V.
23/05/19

À ESPERA DE UM DISCO VOADOR

Triste é viver pelas contas a pagar
Pelas prestações da Tevê a quitar
Pelo outro que nem sequer o vê
Gente que fala sem um porquê

Não saber mais quem é você 
O quê ou em quem mais crê
Você está num mundo avariado
Doente e de sentimento atrasado

Amanhã, um novo dia ressuscita
Das feridas vivas da terrível sina
Viver para agradar ou ao menos tentar
Ajudar o 1% acumular.Vamos trabalhar!

O Eu ocupado com riqueza e luxo
Planos de ''vida'' com o irreal lucro
Triste é morrer sem viver 
Ao invés de viver sem morrer

Planeta Terra chamando
Planeta Terra chamando
Câmbio

J.V.
30/06/18